sexta-feira, 30 de julho de 2010

PRÓLOGO¹




ALGUMAS INDAGAÇÕES GENESÍACAS



Seriam as narrativas, fluviais, como as águas amarelentas desse rio?
Desceriam para o mar por um leito invisível, arrastando em seu curso as palavras enlameadas da memória e do sonho?
E, em que cais, em que foz ou embocadura erguerão as palavras, a Cidade, nascida desses detritos caóticos?
Lixões e aterros, o seu epílogo?

Que herói, anônimo e miserável, aguardará o abutre, acorrentado aos arrecifes?
Quem é esse Prometeu dos tristes trópicos, que, espremido entre o mar e o mangue, num segregado palafita, sobrevive às intempéries, à fome e à miséria, essas palavras torpes, cruéis e apocalípticas, companheiras fiéis de sua mítica agonia?





¹ de pro+logus, ou seja, uma introdução ao sentido; ou ainda, a capciosa porta por onde se pretende in(tro)duzir o ledor desse ilógico texto.

►Acqua

►alea índex (sumário em construção)



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