quinta-feira, 5 de agosto de 2010

LIV - CÍRIOS






Os círios à minha dextra quase se apagam. Alguém, sacando um isqueiro, acendeu cada um, reverentemente. A pequenina chama tremeluziu, frágil, fugaz. Nós todos naquela saleta tremeluzíamos, frágeis, fugazes. Meu pai aproximou-se de mim, fugaz e frágil. Seu hálito familiar: já tomou uma! Beijou-me a face, coisa rara em seu Cabral. Não era dado a carinhos comigo. Não que não me estimasse. Fazia-me notar seu amor de outras maneiras. Era um abraço, um tapinha nas costas. Mas, beijinhos só nas meninas, Elaine e Dinéia. Eu era o machinho da casa. Ah, seu Cabral, por que não me beijou em outro momento? Mamãe se aproxima de nós com o meu Mestre do lado. Meu Deus, vão ler mesmo a agenda. Pra que reler esses poemas?

“Incumbimos dessa leitura o Doutor Jöhan Linz, pela proximidade que tinha com o nosso Jorge...”





►alea índex

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