quarta-feira, 4 de agosto de 2010

XLVII - CORBEILLES







Mandam-me flores. Coroas-de-flores, cravos, rosas, flores perfumadas, corbeilles. Meus pais as recebem sem a alegria de quem recebe flores. Alguns dos que as trazem conversam baixinho pelos cantos da casa.

Mas,...foi por causa dela? Ela era apenas mais uma entre tantas na vida do Jorge. Uma entre tantas? Tento retrucar. Ninguém me ouve. Não. Ela não foi apenas uma mulher. Foi a afirmação de minha fragilidade como homem, de minha limitação enquanto pessoa. E não pensem que isto que digo (será que me ouvem?) trata-se apenas de autoflagelação. Não. É pura constatação de fatos. Ela surgiu nessa história em um momento incomum. Veio ao encontro de um processo que evoluía dentro de mim. Não era apenas Mulher. Era Signo. Trazia Cabala. Guardava, em suas mãos franzinas, o Destino. Não era apenas Mulher, mas Sortilégio.

Mandam-me, os parentes e amigos, muitas flores, coroas. Coroai-me de rosas, como na Grécia, dizia o poeta português. Coroai-me de rosas – rosas que se apagam em fronte a apagar-se tão cedo! Coroai-me de rosas e de folhas breves. E basta...




►alea índex


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