quarta-feira, 4 de agosto de 2010

XXXVI - CACOS

primeiro estilhaço:

O Bóstrix não narra fatos em uma técnica tradicional, tal como a maioria dos romancistas do século XX. Em vez disso, utiliza-se de uma linguagem que representa fragmentos de episódios, flashes. O leitor deverá reunir os mosaicos em que se apresenta a narrativa, e com eles criar uma espécie de paráfrase, em sua tela mental. Só desse modo, a linearidade e a coesão entre os capítulos(?) será resgatada. Uma colagem dos cacos de um vaso é, na verdade, a leitura de narrativas desse tipo; tentativa (inútil) de encontrar a totalidade perdida.


segundo estilhaço:

O eu-enunciador de Bóstrix Nágua evoca a intra-história de um certo Jorge Dantas Cabral de Lima Neto, poeta desempregado e livre-pensador, que relata, em manuscritos, os apontamentos de sua pífia atuação política, em meados de 1974.

Trata-se de uma tragédia urbana. Gira apenas em torno das pequenas angústias pessoais do personagem e de suas conseqüências. Jorge Dantas vai desvelando os seus temores diante da brutalidade do golpe militar, mesclados com as complicações de sua amante, a fotógrafa Marília Spencer, braço direito de uma célula subversiva, em certo arrabalde recifense.



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