primeiro estilhaço:
O Bóstrix não narra fatos em uma técnica tradicional, tal como a maioria dos romancistas do século XX. Em vez disso, utiliza-se de uma linguagem que representa fragmentos de episódios, flashes. O leitor deverá reunir os mosaicos em que se apresenta a narrativa, e com eles criar uma espécie de paráfrase, em sua tela mental. Só desse modo, a linearidade e a coesão entre os capítulos(?) será resgatada. Uma colagem dos cacos de um vaso é, na verdade, a leitura de narrativas desse tipo; tentativa (inútil) de encontrar a totalidade perdida.
segundo estilhaço:
O eu-enunciador de Bóstrix Nágua evoca a intra-história de um certo Jorge Dantas Cabral de Lima Neto, poeta desempregado e livre-pensador, que relata, em manuscritos, os apontamentos de sua pífia atuação política, em meados de 1974.
Trata-se de uma tragédia urbana. Gira apenas em torno das pequenas angústias pessoais do personagem e de suas conseqüências. Jorge Dantas vai desvelando os seus temores diante da brutalidade do golpe militar, mesclados com as complicações de sua amante, a fotógrafa Marília Spencer, braço direito de uma célula subversiva, em certo arrabalde recifense.
►alea índex
►XXXVII