segunda-feira, 2 de agosto de 2010

XXXII – BÓSTRIX




Recife, 31 de março de 1974,
dia de poucas luzes.
(Ano 10, depois do Golpe Militar)



Hoje amanheço com pressentimentos por todo o corpo. Talvez tenha dormido em má posição. Preocupa-me, esse corpo frágil em que habito. Destituído das fortalezas edênicas, mortal, quem me garante o que me vai suceder no próximo instante?

Os filhos por criar, a obra inconclusa...
Devo tomar algumas providências:

os filhos, recomendo-os aos familiares que sobreviverem ao meu desaparecimento; a obra inacabada, ao meu mestre esferista, Jöhan Linz, a quem faço depositário desses apontamentos sem costura, ou costurados pelo avesso de mim.

Deixarei, do tecido das minhas idéias, uma possível urdidura, que não pretendo que seja o único caminho de leitura; deve-se buscar o bordado ideal, o nexo, (se há um) entre os incidentes de texto.
Essa trama movediça é como a vida: tessitura de armadilhas. Cada incidente traz a certeza e o sobressalto.

No Bóstrix, isto é, no bastidor encaracolado abaixo, está sugerida a ordem possível desses apontamentos (capítulos?), que pode ou não ser seguida.

Inicia-se por este XXXII e segue-se o ornato circular.

Uma sinalética de pé-de-página (ir para),(voltar para) obedecerá a seqüência sugerida no desenho abaixo.



(DIGITALIZAR DESENHO DO BÓSTRIX)





.........................(1º esboço do bastidor da urdidura possível).....................


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